Nas décadas de 1970 e 1980, jovens de cabelos compridos e mochilas nas costas saíram pelo Brasil em busca de paz, amor, uma vida em harmonia com a natureza e amizades profundas. Foi por meio desses jovens que o país conheceu a maior parte de seus incontáveis lugares de natureza maravilhosa, até então isolados e esquecidos. Os mais engajados na causa fundaram as comunidades alternativas, onde experimentaram novos modos de vida, de formação de famílias, de criação e educação dos filhos, de ser e de compartilhar comunitariamente. Antonio Kehl viveu isso profundamente. Colecionou dezenas de histórias saborosíssimas, com personagens que são ícones desse tempo. Nesse percurso, passou pelos bairros da Pompeia, Perdizes e Vila Madalena, em São Paulo, foi para a Chapada dos Guimarães e depois voltou para o Alto da Lapa, até lançar novas raízes, agora no comunitário bairro da Demétria, em Botucatu-SP. E o melhor: fotografou muita coisa e também reuniu inúmeras fotos feitas pelos amigos. O livro tem prefácio de Lalu Martins, que nos antecipa: "Ler as histórias do Kehl é rememorar as minhas. E estou certa de que para muitos também será. Quem não se lembra da euforia de sair da casa dos pais, naquela época, para ir morar – muito pior, claro – com os amigos?". Depois de um longo trabalho de redação, edição e preparação das imagens, Kehl reuniu essas coisas todas num livro imperdível. É uma celebração da nossa época e dos nossos sonhos. É delicioso de ler e de ver. E mais: aponta para um monte de soluções para os dilemas e paradoxos do mundo contemporâneo e suas crises apocalípticas.
Nossa vida alternativa
formato 17x24 cm,
448 páginas, 61 capítulos
350 fotos
121 páginas coloridas
Nossa vida alternativa (ebook)
Antonio Kehl, nascido em Campinas, no ano de 1956, chegou a fazer 6 meses na Faculdade de Engenharia da USP, em São Carlos. Mas não gostou nem um pouco. Prestou então vestibular para arquitetura e entrou na FAU-USP, onde cursou 3 anos. Gostou um pouco mais do que a engenharia, mas não o suficiente para se formar e projetar casas. Sua verdadeira paixão, nessa época, era a fotografia, à qual se entregou de corpo e alma enquanto morou em São Paulo.
Mas desde criança tinha um sonho nada relacionado com a carreira profissional: queria morar com os amigos. Quando aos 21 anos, saiu da casa dos pais, inicialmente alugou uma casinha com dois colegas. Mas o sonho foi crescendo e, no ano seguinte, mudou-se para uma casa bem maior, agregando mais companheiros.
Esse movimento acabou levando-o a se envolver totalmente com a vida alternativa e o movimento hippie e, já casado e com um filho no colo, mudou-se para a Chapada dos Guimarães, onde viveu 8 anos e teve mais um filho.
De volta a São Paulo, acabou descobrindo uma nova paixão: diagramar livros. Hoje, aos 67 anos e com mais de 3 mil livros diagramados para diversas editoras, decide fi nalmente publicar o
seu próprio, que conta boa parte dessa história em textos e fotos.