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Sairi e o livro "Boitatá e outros casos de índios"

Luiz Mesquita


Desde pequeno, Sairi sempre teve interesse pelas histórias dos mais velhos. Pretendia escrever, mas não sabia como e nem quando. O incentivo maior veio na infância, quando a avó e os pais de Sairi contavam histórias antigas, quase todas as semanas, principalmente na Semana Santa e no Dia do Índio. Apoiado por amigos, percebeu o interesse também dos turistas.


Sua avó é considerada heroína, por causa da demarcação de terras indígenas Pataxó, em Barra Velha, desde antes do massacre de 1951. Além disso, a avó contava histórias de onças que comiam animais na aldeia, de porca-espinho e das demarcações de terra.


Os velhos foram sua principal fonte de inspiração nas conversas de beira de fogueira, nas noites de lua cheia... Sairi sempre considerou os velhos como pessoas sábias. Ouvia as histórias com atenção e, algumas vezes, pedia para que eles repetissem. Na maioria das vezes, os velhos ficavam contando as histórias sem pressa. Sempre tinham paciência para contar de novo e se sentiam alegres pelo interesse dele. Juntavam-se em grupos, com banquinhos, fumando e ficavam por horas no final da tarde ou à noite.


Sairi relata 20 dessas histórias, baseadas em suas lembranças e conversas com diversos outros índios, a maior parte deles idosos. Além das histórias, Sairi descreve no livro alguns desses “seres invisíveis” que habitam as narrativas dos antigos e nos fala da cultura do seu povo.


O livro "Boitatá e outros casos de índios" é de grande importância para os índios, principalmente para as crianças e jovens, que sabem pouco sobre as histórias dos mais velhos.


Sairi deseja ver seu livro nas escolas e bibliotecas e sendo utilizado, principalmente, por professores das comunidades indígenas Pataxó de Barra Velha, Imbiriba, Coroa Vermelha, Jaqueira, Aldeia Velha, e Aldeia Trevo do Parque, Corumbauzinho, Boca da Mata.


E, se possível, espera ver o livro nas escolas das cidades vizinhas: Caraíva, Trancoso, Monte Pascoal, Montinho, Itamaraju. Arraial D’Ajuda e Porto Seguro.


E (por que não?) em todo o Brasil!


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Luiz Mesquita foi professor de português na Escola Municipal de Caraíva em 2005-2006

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