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Rememorando o "Desconjunto"

Por Telma Scherer, em seu Facebook.


Esta semana vou postar alguns poemas dos livros anteriores, revisitados. Escolhi, para hoje, um poema do "Desconjunto", meu primeiro livro, que saiu em 2002, pelo Instituto Estadual do Livro do RS. Em 2004, fiz uma performance a partir dele, dentro do Hospital Psiquiátrico São Pedro, sobre uma mesa de parto que havia virado lixo hospitalar.


*

por onde desce o filho morno-quente-queimando? escorrega? demora pra sair. de onde vem a carne mole, rósea, água, que será sexo, que será músculos, roubos? por onde vai o filho, o novo-velho, que ora revém, resendo o sendo, sexto empírico, o corte, cordão?

vem tudo do umbigo. da música.

dói pra sair. quem é essa esponja por entre a qual as coisas saem, entram, envenenam, depois separam-se, e sugam, sugam, aquecem por vezes?

coisas com reflexos, espasmos. depois pérolas frias: os olhos em adeus. eu vou, estou indo, cético Sexto abstrato, agora longe, névoa, diferente.

ser aquilo pelo qual a coisa jorra, brota, cheira? fraudada pelas núpcias, fraldas. sempre má. Macbeth.

ser com bandeira? Adélia, na floresta, sabia que era, que erra ela, com vestido branco, pés, assim sóbria e ressabiada. ser com medo dos bichos da floresta, muda, quebradiça, entre os sem mil ruídos.

paninhos e lençóis sujos. imunda de sangue. fértil. como carregar bandeira?

* O "Desconjunto" está esgotado há muito tempo e, por isso, encontra-se somente em sebos, por preços bem módicos. https://www.estantevirtual.com.br/.../desconjunto/2966113722 O Balaio Digital é o sebo do querido Carlos Besen. Ele tem, também, o "Rumor da casa", em bom estado e bom preço.


Telma Scherer é autora de O sono de Cronos e Squirt, à venda no site da Terra Redonda.

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